15 de maio de 2024

Coisas que um leitor faz

 Eu confesso que já fiz tudo isso, e você leitor, quais dessas coisas você faz? 

  1. Lê um livro em um dia
  2. Cheira o livro antes de ler
  3. Compra uma edição de luxo
  4. Se apaixona por um personagem
  5. Chora lendo
  6. Fica lendo em vez de dormir
  7. Abandona um livro
  8. Pega livro em biblioteca
  9. Compra livro em sebo
  10. Pede livro de presente
  11. Dá livro de presente
  12. Pega livros emprestados
  13. Empresta livros
  14. Ganha livro com dedicatória
  15. Espia a última página do livro
  16. Compra um livro pela capa
  17. Não curti um livro que todo mundo gosta
  18. Lê um livro para poder ver a adaptação
  19. Vê a adaptação antes de ler o livro
  20. Odeia um personagem
  21. Teve vergonha alheia enquanto lia
  22. Quis ser amigo de um personagem
  23. Leu escondido para ninguém te interromper
  24. Leu um livro no transporte público
  25. Leu um livro para uma criança 
  26. Levou um livro na bolsa 
  27. Leu andando
  28. Leu ouvindo música
  29. Fez anotações no livro
  30. Teve ressaca literária
  31. Julgou um livro pela capa
  32. Tirou foto de livro em livraria para comprar online depois


Palestra de Bill Gates: os 11 itens

De vez em quando, dou uma olhada em meus arquivos do computador e como eu gosto de salvar alguns textos, deparei-me com este. Infelizmente, esqueci de mencionar a fonte ao salvar no arquivo, mas essas onze lições de Bill Gates são grandes ensinamentos de vida para os jovens

Apreciem e repassem:


"Bill Gates foi convidado por uma escola secundária para uma palestra. Chegou de helicóptero, tirou o papel do bolso onde havia escrito onze itens. Leu tudo em menos de 5 minutos, foi aplaudido por mais de 10 minutos sem parar, agradeceu e foi embora em seu helicóptero. O que estava escrito é muito interessante, leiam:



1. A vida não é fácil — acostume-se com isso.

2. O mundo não está preocupado com a sua autoestima. O mundo espera que você faça alguma coisa útil por ele ANTES de sentir-se bem com você mesmo.

3. Você não ganhará $20.000 por mês assim que sair da escola. Você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e telefone.

4. Se você acha seu professor rude, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você.
5. Vender jornal velho ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição social. Seus avós têm uma palavra diferente para isso: eles chamam de oportunidade.

6. Se você fracassar, não é culpa de seus pais. Então não lamente seus erros, aprenda com eles.

7. Antes de você nascer, seus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você dizer que eles são “ridículos”. Então antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.

8. Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não se parece com absolutamente NADA na vida real. Se pisar na bola, está despedido… RUA!!! Faça certo da primeira vez!

9. A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados o ajudem a cumprir suas tarefas no fim de cada período.

10. Televisão NÃO é vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a boate e ir trabalhar.

11. Seja legal com os CDFs (aqueles estudantes que os demais julgam que são uns babacas). Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar PARA um deles."

 

 


30 de março de 2024

Para fechar com poesia...

As águas de março costumam fechar o verão, mas para lembrar que o mês também é dedicado às mulheres (Dia Internacional da Mulher em 8 de março) e que o elemento água também simboliza sensibilidade, emoção e poder feminino:  tudo isso junto e misturado. Nada mais propício que finalizar março com um poema e dedicado à mulher. 

Bem-vindo, outono! 

E viva, sempre, a mulher!


Poema Dia da Mulher

Um só dia
Um só dia é muito pouco para celebrar a Mulher
Um só poema
Uma rosa
Uma homenagem qualquer
Palavras são muito pouco
Não importa o que eu disser
E mesmo assim
Dizer é o meu dever
É dever da humanidade reconhecer que a mulher
É força
É dignidade
É o que é e o que quer ser
E ela quer ser liberdade
Quer ser mãe
Quer ser artista
Ser sozinha, aventureira
Empresária, agricultora
Ser juíza, sacoleira
Quer ser talvez Bossa Nova
Mas também quer ser Funkeira
Quer ser simples, popular
Quer ser a joia mais cara
Quer ser muitas e ser plural
E ainda assim, quer ser rara
Quer ser livre, corpo e mente
Quer ser e é diferente
E a diferença é clara
A diferença é a força
A garra, a resistência
A coragem, a sabedoria
A pressa e a paciência
É tão claro e evidente
Ser igual e diferente
Faz parte da sua essência


(Bráulio Bessa)

 



29 de fevereiro de 2024

Carioca, por Fernando Sabino

 CARIOCA 

Carioca, como se sabe, é um estado de espírito: o de alguém que, tendo nascido em qualquer parte do Brasil (ou do mundo) mora no Rio de Janeiro e enche de vida as ruas da cidade.

A começar pelos que fazem a melhor parte sua população, a gente do povo: porteiros, garçons, cabineiros, operários, mensageiros, sambistas, favelados. Ou simplesmente os que as notícias de jornal chamam populares: esses que se detêm horas e horas na rua, como se não tivessem mais o que fazer, apreciando um incidente qualquer, um camelô exibindo no chão a sua mercadoria, um propagandista fazendo mágicas. A improvisação é o seu forte, e irresistível a inclinação para fazer o que bem entende, na convicção de que no fim da certo — se não deu é porque não chegou ao fim.

E contrariando todas as leis da ciência e as previsões históricas, acaba dando certo mesmo porque, como afirma ele, Deus é brasileiro — e sendo assim, muito possivelmente carioca.

Pois também sou filho de Deus — ele não se cansa de repetir, reivindicando um direito qualquer. Que pode ser pura e simplesmente o de dar um jeitinho, descobrir um ‘macete’, arranjar lugar para mais um.
Toda relação começa por ser pessoal, e nos melhores termos de camaradagem. Para conseguir alguma coisa em algum lugar conhece sempre alguém que trabalha lá: procure o Juca no primeiro andar, ou o Nonô, no Gabinete, diga que fui eu que mandei. Até os porteiros, serventes ou ascensoristas têm prestigio e servem de acesso aos figurões. Todo mundo é ‘meu chapa’, ‘velhinho’, ‘nossa amizade’. Todos se tratam pelo nome de batismo a partir do primeiro encontro. E se tornam amigos de infância a partir do segundo, com tapas nas costas e abraços efusivos em plena rua, para celebrar este extraordinário acontecimento que é o de se terem encontrado.

A maioria dos encontros é casual, e em geral em plena rua — pois ninguém resiste às ruas do Rio: a gente se vê por ai, quando puder eu apareço. Os compromissos de hora marcada são mera formalidade de boa educação, da boca para fora. Mesmo estabelecido, de pedra e cal, há uma sutileza qualquer na conversa, que escapa aos ouvidos incautos do estrangeiro, indicando se são ou não para valer. Na linguagem do carioca, ‘pois não’ quer dizer ‘sim’, ‘pois sim’ quer dizer ‘não’; ‘com certeza’, ‘certamente’, ‘sem dúvida’ são afirmações categóricas que em geral significam apenas uma possibilidade.

Encontrando-se ou se desencontrando, como se mexem! As ruas do Rio, mesmo em dias comuns, vivem cheias como em festejos contínuos. Todos andam de um lado para outro, a passeio, sem parecer que estejam indo especialmente a lugar nenhum. As esquinas, as portas dos botequins e casas de comércio, os shopping-centers cada vez mais numerosos, todos os lugares, mesmo de simples passagem, são obstruídos por aglomerações de pessoas a conversar em grande animação.

E como conversam! Falam, gesticulam, cutucam-se mutuamente, contam anedotas, riem, calam-se para ver passar uma bela mulher, dirigem-lhe galanteios amáveis, voltam a conversar. Ninguém parece estar ouvindo ninguém, todos falam ao mesmo tempo, numa seqüência de gargalhadas. Em meio à conversa, um se despede em largos gestos e se atira no ônibus que se detém para ele fora do ponto, a caminho da Zona Sul.

Copacabana, Arpoador, Ipanema, Leblon — praias cheias de cariocas, como se todos os dias da semana fossem domingos ou feriados. Espalhados na areia, ou andando no calçadão, se misturam jovens e velhos de calção, mulheres em sumárias roupas de banho, gente bonita ou feia, alta ou baixa, magra ou gorda, na mais surpreendente exibição de naturalidade em relação ao próprio corpo de que é capaz o ser humano.

Do Leblon em diante, convém por hoje não se aventurar: São Conrado, Barra, Jacarepaguá, Floresta da Tijuca — o dia não terá mais fim. Em vez disso, se o visitante, depois de se deslumbrar com a Lagoa Rodrigo de Freitas, dobrar uma esquina do Jardim Botânico, Botafogo ou Flamengo, de repente se verá numa rua sossegada, ladeira acima, com casarões antigos cobertos de azulejos que o atiram aos tempos coloniais. Laranjeiras, Cosme Velho — uma viela tortuosa o conduz a um recôndito Largo do Boticário, de singela beleza arquitetônica, que faz lembrar Florença.

Se o visitante subir esta outra rua, logo se verá cercado de verde por todos os lados, à sombra de frondosas árvores onde cantam passarinhos e esvoaçam borboletas — podendo até mesmo surpreender num galho as macaquices de um sagüi.

E do alto do morro, verá a paisagem abrir-se a seus pés, exibindo lá embaixo a cidade inteira, do Corcovado ao Pão de Açúcar, entre montanhas e o mar. Depois de admirá-la, sentirá vontade de integrar-se a ela, regressar ao bulício das ruas e ao excitante convívio dos cariocas.

A partir deste instante estará correndo sério risco de ficar no Rio para sempre e se tomar carioca também.

🌞

Fernando Sabino (1923-2004) escritor e jornalista. Crônica de “Livro Aberto”, da Editora Record, lançado em 2001.