30 de novembro de 2011

As dores do mundo

Sinto bem fundo
todas as dores do mundo.

Só que meu poema
não conseguiu tocar
em feridas maiores.
Abro os jornais
e leio e choro e me arrepio
com a fome,
com a guerra,
com a aids,
com a violência,
com a destruição
do verde e da vida.

Tento escrever,
mas sai um poema impotente.
Fico pensando:
as dores do mundo
pedem canções
ou exigem ação?

(Elias José, "Cantigas de Adolescer",)

15 de outubro de 2011

O prazer de ler


O livro Comédia para se Ler na Escola, de Luis Fernando Veríssimo, apresenta um prefácio, escrito por Ana Maria Machado intitulado Bom de Ouvido. A escritora examinou a obra sob o ponto de vista do leitor jovem e encontra respostas para seduzir os leitores a lerem Veríssimo.
O trecho que destaco abaixo, despertou-me para a lembrança da descoberta do prazer da leitura.

"Volta e meia a gente encontra alguém que foi alfabetizado, mas não sabe ler. Quer dizer, até domina a técnica de juntar as sílabas e é capaz de distinguir no vidro dianteiro o itinerário de um ônibus. Mas passa longe de livro, revista, material impresso em geral. Gente que diz que não curte ler.
  Esquisito mesmo. Sei lá, nesses casos, sempre acho que é como se a pessoa estivesse dizendo que não curte namorar. Talvez nunca tenha tido a chance de descobrir como é gostoso. Nem nunca tenha parado para pensar que, se teve alguma experiência desastrosa em um namoro (ou em uma leitura), isso não quer dizer que todas vão ser assim. É só trocar de namorado ou namorada. Ou de livro. De repente, pode descobrir delícias que nem imaginava, gostosuras fantásticas, prazeres incríveis. Ninguém devia ser obrigado a namorar quem não quer. Ou ler o que não tem vontade. E todo mundo devia ter a oportunidade de experiementar um bocado nessa área, até descobrir qual é a sua."



Aos fãs de Clarice Lispector

  Benjamin Moser, pesquisador norte-americano e autor da biografia de Clarice Lispector (Clarice,), desmentiu através do seu Twitter que a atriz Meryl Streep não interpretará a escritora no filme. A obra de Moser será adpatada para o cinema, e a informação que Meryl Streep seria a protagonista, foi divulgada recentemente pelo Jornal O Globo. A atriz para o papel de Clarice, segundo o autor da biografia, ainda não foi escolhida.

   E por falar em Clarice Lispector, fiquei bastante "tocada" ao ver a sua última entrevista em vídeo. Pude então perceber, claramente, todas as suas personagens contidas em sua inigmática personalidade, impressionante...
  A entrevista foi concedida ao jornalista Junio Lerner, para o programa Panorama, da TV Cultura, em fevereiro de 1977. A exibição da entrevista foi após a  morte da escritora (9/12/77),  a pedido dela.


"... eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação ..."

4 de setembro de 2011

Periguete, blogar, tuitar: já no dicionário - - Prosa & Verso - O Globo

A língua evolui...
A nova edição do "Aurélio Junior" da Editora Positivo, lançada na Bienal, faz sucesso entre os jovens, onde pode-se encontrar gírias, palavras e expressões do mundo virtual etc.



A 15ª Bienal do Livro estará no Riocentro até o dia 11/9/2011. Não perca!


3 de setembro de 2011

Quer ser surpreendido?

Um livro para surpreender - não podia deixar de comentar e recomendar: "Todos contra Dante" de Luís Dill (Cia da Letras).
Por acaso, organizando os livros da Biblioteca, encontrei esse livro que me chamou a atenção - primeiro pela capa e formato, daí então, percebi um texto ágil, apresentado de uma maneira inovadora. O autor relaciona as informações da história em forma de "link", aproximado o leitor ao mundo virtual.
Baseado em fatos reais, o tema é sobre a discriminação que leva à violência na escola.
Curioso em saber mais?
Acesse o link:



20 de agosto de 2011

Mais uma paixão: a crônica.

A crônica é um gênero que tem relação com a ideia de tempo e consiste em relatar fatos do cotidiano. Ao passar para o livro, a crônica deixou de ser um texto de consumo rápido e passou a ser lida mais cuidadosamente - o que a valoriza.
Na escola, encantei-me com a coleção "Para Gostar de Ler", da qual eu recomendo, por selecionar textos preciosos de vários gêneros literários.
Meus cronistas preferidos são: Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Luís Fernando Veríssimo, Carlos Eduardo Novaes e Martha Medeiros.



"Chatear" ou "encher"
                                               Paulo Mendes Campos


Um amigo meu me ensina a diferença entre "chatear" e "encher".
Chatear é assim:
Você telefona para um escritório qualquer na cidade.

- Alô! Quer me chamar por favor o Valdemar?
- Aqui não tem nenhum Valdemar.

Daí a alguns minutos você liga de novo:
- O Valdemar, por obséquio.
- Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.
- Mas não é do número tal?
- É, mas aqui não trabalha nenhum Valdemar.

Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:
- Por favor, o Valdemar já chegou?
- Vê se te manca, palhaço. Já não lhe disse que o diabo desse Valdemar nunca trabalhou aqui?
- Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.
- Não chateia.

Daí a dez minutos, liga de novo.
- Escute uma coisa! O Valdemar não deixou pelo menos um recado?
O outro desta vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.

Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação:

- Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Valdemar. Alguém telefonou para mim?

Antologia da Crônica Brasileira: de Machado de Assis à Lourenço Diaféria / organização
e apresentação de Douglas Tufano. São Paulo: Moderna, 2005. p.137-138.

3 de agosto de 2011

Por um Brasil literário



Maravilhoso! 




O escritor Bartolomeu Campos de Queirós lê o Manifesto por um Brasil literário e fala sobre a importância da leitura de literatura.
Aos apaixonados pela literatura: espelhem-se nas lições do mestre!

2 de agosto de 2011

A complicada arte de ver


Por Rubem Alves

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."

Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".
Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".
Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...


(O texto acima foi extraído da seção "Sinapse", jornal "Folha de S.Paulo", versão on line, publicado em 26/10/2004)

 


30 de julho de 2011

Das vantagens de ser bobo

 O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

 Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia.

 O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.

 Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.

 Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

 Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

 O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

 Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

 Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.

(Clarice Lispector)


E eu? Continuarei a ser boba...

27 de julho de 2011

Drummond, a minha paixão!

Aula de Português

A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.

                       ***********

Mudança

O que muda na mudança,
se tudo em volta é uma dança
no trajeto da esperança,
junto do que nunca se alcança?


Lembrete

Se procurar bem, você acaba encontrando
não a explicação (duvidosa) da vida
mas a poesia (inexplicável) da vida.


História Natural

Cobras cegas são notívagas.
O orangotango é profundamente solitário.
Macacos também preferem o isolamento.
Certas árvores só frutificam de 25 em 25 anos.
Andorinhas copulam no voo.
O mundo não é o que pensamos.

Andrade, Carlos Drummond. Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984.  


24 de julho de 2011

A nossa alma feminina chama-se Clarice

O meu primeiro contato com este lindo texto de Clarice foi através da voz de Juca de Oliveira. Foi paixão à primeira vista. Procurei o texto pela internet e de novo, enamorada, absorvi cada palavra, cada sentido. Precisamos da mudança, precisamos do novo, do frio na barriga, e como a autora afirma: a salvação é pelo risco! Então, o que está esperando?

MUDANÇA

Mude, mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a
velocidade.

Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.

Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas,
calmamente, observando com
atenção os lugares por onde você passa.

Tome outros ônibus.

Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os seus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia,
ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.

Veja o mundo de outras perspectivas.

Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama...
Depois, procure dormir em outras camas
Assista a outros programas de tv,
compre outros jornais... leia outros livros.

Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.

Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores, novas delícias.

Tente o novo todo dia.
O novo lado, o novo método, o novo sabor,
o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.

A nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.

Almoce em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida,
compre pão em outra padaria.

Almoce mais cedo,
jante mais tarde ou vice-versa.

Escolha outro mercado... outra marca de sabonete,
outro creme dental...
Tome banho em novos horários.

Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.

Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.

Troque de bolsa, de carteira, de malas,
troque de carro, compre novos
óculos, escreva outras poesias.

Jogue os velhos relógios,
quebre delicadamente
esses horrorosos despertadores.

Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros,
outros teatros, visite novos museus.

Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um outro emprego,
uma nova ocupação,
um trabalho mais light, mais prazeroso,
mais digno, mais humano.

Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.

Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.

Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já
conhecidas, mas não é isso o que importa.

O mais importante é a mudança,
o movimento, o dinamismo, a energia.

Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco,
sem o qual a vida não vale a pena !!!

 
(Clarice Lispector)

23 de julho de 2011

Sobre o blog

Há muito tempo, eu estava planejando um novo blog, o outro "Sopa de Entulho", sofrerá algumas modificações, mas não vou excluí-lo, é o primeiro, o meu xodó. Neste novo blog, a palavra é a arte. Quero postar as coisas que gosto de ler e dividi-las com vocês: poesia, prosa, crônicas, reflexões, opiniões, dicas, tudo isso e mais um pouco.
Um espaço onde a palavra é livre.
Conto com a colaboração de vocês, com comentários, dicas, sugestões, críticas etc.
Quero um blog vivo!
Viva a leitura e a literatura!


Minhas últimas leituras, pela ordem que li:

COUTO, Mia. Terra Sonâmbula. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
COUTO, Mia. O último voo do flamingo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
CASTRO, Rui. Crônicas para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva., 2010.
ZUSAK, Markus. A menina que roubava livros. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010.
ANDRADE, Mário de. Amar, Verbo Intransitivo. Belo Horizonte: Itatiaia, 2002.
CARROLL, Lewis. Alice no País das Maravilhas & Através do Espelho. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.

Não consta nesta lista acima, o que eu li para os estudos da pós-graduação, sobre literatura infantil, etc...

Quem sou eu?
Sou carioca da gema, tricolor e suburbana. Tenho fome de letras e sou curiosa por natureza!

Abraços e sejam bem-vindos!!

Prenominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da nação brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
(Oswald de Andrade)

O que acontece com as crianças

  Aprendi a escrever lendo, da mesma forma que se aprende a falar ouvindo. Naturalmente, quase sem querer, numa espécie de método subliminar. Em meus tempos de criança, era aquela encantação. Lia-se continualmente e avidamente um mundaréu de histórias (e não estórias) principalmente as do Tico-Tico. Mas lia-se corrido, isto é, frase, após frase, do princípio ao fim.
  Ora, as crianças de hoje não se acostumam a ler corretamente, porque apenas olham as figuras dessas histórias em quadrinhos, cujo "texto" se limita a simples frase interjetivas e assim mesmo muita vez incorretas. No fundo, uma fraseologia de guinchos e uivos, uma subliteratura de homem das cavernas.
  Exagerei? Bem feito! Mas se essas crianças, coitadas, nunca adquirirem o hábito de leitura, como saberão um dia escrever?

QUINTANA, Mário. Caderno H. São Paulo: Globo, 2006. p.66.