30 de março de 2013

Clarice Lispector, uma biografia

Recomendo aos fãs de Clarice Lispector o livro "Clarice, uma biografia", de Benjamin Moser, Editora Cosacnaify.
Li cada página devagar, saboreando o texto que é rico em fatos históricos e revelações surpreendentes.
 
É muito difícil definir com uma palavra a obra de Clarice Lispector, mas
como leitora que aos poucos  foi conhecendo o seu universo, arrisco-me
a defini-la como: puro êxtase da literatura.


Entrevista do autor Benjamin Moser ao "Prosa":
http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2009/11/14/benjamin-moser-fala-sobre-clarice-lispector-240928.asp

Para saber mais sobre a autora, recomendo o blog:
http://claricelispector.blogspot.com.br/search/label/Biografia


Sobre o conto "O ovo e a galinha", incluído no livro "A legião estrangeira", Clarice relatou: "Tem um conto meu que eu não compreendo muito bem (...) que é um mistério para mim".
Então, caro leitor, tente decifrar esse enigma ou apenas deixe-se levar por ele.

O ovo e a galinha

De manhã na cozinha sobre a mesa vejo o ovo.
Olho o ovo com um só olhar. Imediatamente percebo que não se pode estar vendo um ovo. Ver o ovo nunca se mantêm no presente: mal vejo um ovo e já se torna ter visto o ovo há três milênios. – No próprio instante de se ver o ovo ele é a lembrança de um ovo. – Só vê o ovo quem já o tiver visto. – Ao ver o ovo é tarde demais: ovo visto, ovo perdido. – Ver o ovo é a promessa de um dia chegar a ver o ovo. – Olhar curto e indivisível; se é que há pensamento; não há; há o ovo. – Olhar é o necessário instrumento que, depois de usado, jogarei fora. Ficarei com o ovo. – O ovo não tem um si-mesmo. Individualmente ele não existe.
Ver o ovo é impossível: o ovo é supervisível como há sons supersônicos. Ninguém é capaz de ver o ovo. O cão vê o ovo? Só as máquinas veem o ovo. O guindaste vê o ovo. – Quando eu era antiga um ovo pousou no meu ombro. – O amor pelo ovo também não se sente. O amor pelo ovo é supersensível. A gente não sabe que ama o ovo. – Quando eu era antiga fui depositária do ovo e caminhei de leve para não entornar o silêncio do ovo. Quando morri, tiraram de mim o ovo com cuidado. Ainda estava vivo. – Só quem visse o mundo veria o ovo. Como o mundo o ovo é óbvio.
O ovo não existe mais. Como a luz de uma estrela já morta, o ovo propriamente dito não existe mais. – Você é perfeito, ovo. Você é branco. – A você dedico o começo. A você dedico a primeira vez. [...]

Para ler o texto completo, acesse:
http://claricelispector.blogspot.com.br/2007/11/o-ovo-e-galinha.html


29 de março de 2013

Ruth Rocha e a história de um coelhinho que não era de Páscoa...

Com a  proximidade da Páscoa,  lembrei de um livro muito bacana da autora Ruth Rocha: O coelhinho que não era de Páscoa. A história é sobre um coelho  chamado Vivinho...
Vivinho é um coelho que tem muitos irmãos (claro!) e uma família feliz. E o que ele vai ser quando crescer? Coelho de Páscoa, só pode ser! Mas Vivinho quer outra profissão... O que será que a família dele vai pensar sobre essa decisão? 



O coelhinho que não era de Páscoa
Série: Vou Te Contar!
Editora: Salamanddra
Ilustração: Elisabeth Teixeira
Indicação: A partir de 6 anos
 
 
Um pouco sobre a autora Ruth Rocha
 
Ruth Rocha é uma das autoras mais conhecidas de literatura infantil.
Ela nasceu em 1931 em São Paulo Foi orientadora educacional e editora. Começou a escrever artigos sobre educação para a revista Cláudia, em 1967. Em 1969 começou a escrever histórias infantis para a revista Recreio. Em 1976 teve seu primeiro livro editado - Palavras Muitas Palavras. A este livro seguiram-se mais de 130 publicações, traduzidas para 25 línguas, algumas lançadas no Parlamento Brasileiro e na sede da ONU, em Nova York. Sua obra mais famosa é "Marcelo, Marmelo, Martelo" que vendeu mais de um milhão de livros. Amplamente premiada e homenageada, foi distinguida com uma condecoração, a Comenda da Ordem do Mérito Cultural, em 1998.


Para saber mais sobre Ruth Rocha e seus livros, acesse:
http://www2.uol.com.br/ruthrocha/historias_05.htm

 

26 de março de 2013

Toda Poesia

 
Foi lançado neste ano o livro "Toda Poesia", que reúne toda a poesia já publicada do autor curitibano Paulo Leminski (1944/1989).
Segundo a lista dos mais vendidos da Livraria da Cultura, a obra "Toda Poesia" ultrapassou as vendas de "Cinquenta Tons de Cinza", de E L James.
 
Eu gosto muito da poesia de vangarda. Ela nasceu da década de 70 - poesia social -  que durante a ditadura militar driblava a censura com uma linguagem indireta e metafórica.
A divulgação da chamada "poesia marginal" era através de folhetos mimeografados, pôsteres, cartazes, caixas de poemas e antologias impressas em pequenas gráficas.
As produções desse período contou com tendências variadas: modernistas de 22 (Bandeira e Oswald, principalmente),  Drummond, Cabral e os poetas ligados ao Concretismo.
 
 "Toda Poesia" é um passeio à sensibilidade e a aventura.
Quem se arrisca?

 
 desencontrários
 
    Mandei a palavra rimar,
ela não me obedeceu.
    Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa.
    Parecia fora de si,
a sílaba silenciosa.
 
     Mandei a frase sonhar,
e ela se foi num labirinto.
    Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
Dar ordens a um exército,
    para conquistar um império extinto.

 
  Abrindo um antigo caderno
                          foi que eu descobri
                                                antigamente eu era eterno

 
LEMINSKI, Paulo. Toda Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
 

23 de março de 2013

A arte de contar histórias

O Dia Internacional do Contador de Histórias é comemorado em 20 de março. Essa data foi instituida em 1991, na Suécia e tem como objetivo reunir contadores e promover essa prática em todo o  mundo.

Segundo a autora Fanny Abramovich, o primeiro contato da criança com um texto é feito oralmente, através da voz da mãe, do pai ou dos avós, contando contos de fadas, histórias inventadas ou através de um livro, um poema...
Há muitos momentos para se contar histórias: durante o dia, numa tarde de chuva ou num momento de aconchego, à noite antes de dormir.
Para contar uma história, seja qual for, não pode ser de qualquer jeito. É preciso estar familiarizado com o texto para poder criar um clima de envolvimento. É importante saber dar as pausas, criar os intervalos, dar um ritmo para a  história fluir como uma canção.
O livro da criança que não lê é a história contada. Quando a criança já saber ler a relação com a história é diferente, mas não deixa se ser prazerosa. 
Ouvir histórias não é uma questão que se restrinja apenas aos pequenos, até os adultos apreciam ouvir uma história bem contada.
E quem não gosta de uma boa história?
 
 


Para saber mais:

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil - Gostosuras e Bobices. Ed. Scipione
MATOS, Gislayne Avelar & SORSY, Inno. O ofício do contador de Histórias. Ed. Martins Fontes
SISTO, Celso. Textos e Pretextos - sobre a arte de contar histórias. Ed. Aletria.


                                                    
E quem quiser que conte outra!

 

18 de março de 2013

Parabéns, Tatiana Belinky!

Tatiana Belinky completa hoje 94 anos de idade!

Ela nasceu na Rússia, chegou ao Brasil aos dez anos, fugindo com a família da guerra civil provocada pela revolução comunista.
Seu primeiro livro - Limeriques (Ed. FTD), foi publicado em 1987. Além de escritora é tradutora, autora e adaptadora de peças teatrais infantis.
Tem em mais de 80 livros publicados. Em 1989, ganhou o prêmio Jabuti como personalidade literária.
Na sua trajetória merece destaque o fato de ter feito a primeira adaptação para a televisão do Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato, nas décadas de 1950 e 1960, para a extinta TV Tupi.

Sobre o significado da fantasia no universo infantil, diz a escritora: "A fantasia é tudo. Sempre digo aos pequenos que o livro é um objeto mágico, muito maior por dentro do que por fora. Por fora, ele tem a dimensão real, mas dentro dele cabe um castelo, uma floresta, uma cidade inteira... Um livro a gente pode levar para qualquer lugar. E com ele se leva tudo."


Para ler a entrevista da autora, acesse:

http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/entrevista-tatiana-belinky-livro-objeto-magico-580131.shtml


"Viola no saco" - fábula recontada pela autora.
http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/viola-saco-634221.shtml


 

14 de março de 2013

14 de março - Dia da Poesia

A poesia é uma pulga

A poesia é uma pulga

coça, cola, me chateia,

entrou por dentro da meia,

saiu por fora da orelha,

faz zumbido de abelha,

mexe, mexe, não se cansa,

nas palavras se balança,

fala, fala, não se cala

a poesia é uma pulga,

de pular não tem receio,

adora pular na escola...

só na hora do recreio!

(Sylvia Orthof)
 
 

1 de março de 2013

A Casa Sonolenta

Era uma vez uma casa sonolenta, onde todos viviam dormindo...
Uma cama, uma avó, um menino, um cachorro, um gato, um rato... e uma pulga que estava acordada!? E o que aconteceu? Ah...

 
A Casa Sonolenta, é um exemplo de narrativa acumulativa, em que os elementos se repetem a cada passo da história. Os personagens se amontoam uns sobre os outros, até o desenlace do jogo narrativo. 
 
                              




A Casa Sonolenta
Autor: Audrey Wood.
Editora Ática

 

LIVRO: a troca

Lygia Bojunga
 
Pra mim, livro é vida; desde que eu era muito pequena
os livros me deram casa e comida.
Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo;
em pé, fazia parede; deitado, fazia degrau de escada;
inclinado, encostava num outro e fazia telhado.
E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá
dentro pra brincar de morar em livro.
De casa em casa eu fui descobrindo o mundo (de tanto
olhar pras paredes). Primeiro, olhando desenhos; depois,
decifrando palavras.
Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça.
Mas fui pegando intimidade com as palavras. E quanto
mais íntima a gente ficava, menos eu ia me lembrando
de consertar o telhado ou de construir novas casas.
Só por causa de uma razão: o livro agora alimentava
a minha imaginação.
Todo o dia a minha imaginação comia, comia e comia;
e de barriga assim toda cheia, me levava pra morar no
mundo inteiro: iglu, cabana, palácio, arranha-céu,
era só escolher e pronto, o livro me dava.
Foi assim que, devagarinho, me habituei com essa troca
tão gostosa que - no meu jeito de ver as coisas -
é a troca da própria vida; quanto mais eu buscava no
livro, mais ele me dava.
Mas como a gente tem mania de sempre querer mais,
eu cismei um dia de alargar a troca: comecei a fabricar
tijolo pra - em algum lugar - uma criança juntar com
outros, e levantar a casa onde ela vai morar.

LIVRO: a troca, de Lygia Bojunga. In: Livro: um encontro. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2010. p.8-9.