13 de julho de 2023

O que são "haicais"?

Haicais ou Haikus são poemas de origem japonesa, que apresentam, em sua forma, três versos curtos. Eles têm como características a exatidão e a objetividade, além de uma linguagem simples e sem rimas.

O haicai surgiu no século XVII e tem como "criador" desse estilo de poema, o poeta japonês Matsuo Bashô (1644-1694), considerado um mestre haicai.

A métrica ideal do haicai é composta de: 5 sílabas no primeiro verso, 7 no segundo e 5 no terceiro, mas essa exigência não precisa ser seguida à risca, obedecida a regra de não ultrapassar 17 sílabas, e também não muito menos que isso. A contagem das sílabas termina sempre na sílaba tônica da última palavra de cada verso.


O sol de inverno

A cavalo congela

A minha sombra.

(Matsuo Bashô)


No Brasil, foi o escritor Paulo Leminski que sintetizou o haicai como um "clique de palavras", influenciado pela filosofia zen. O haicai, dizia ele, valoriza o fragmentário, o insignificante e o casual, extraindo o máximo de significado do mínimo material.

Além de Leminski,  outros escritores da nossa literatura também se aventuraram nesse estilo de poema, vamos apreciar?


Confira

Tudo que respira

Conspira.

(Paulo Leminski)


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Meu cachorro velho

Ouvindo com interesse

O canto do verme.

(Décio Pignatari)


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Cerimônia do chá

Três convidados

E um mosquito.

(Alice Ruiz)


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Mar não tem desenho

O vento não deixa

O tamanho

(Guimarães Rosa)


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Copa de árvore

Cada folha cita outra

Outono apaga.

(Wladimir Fontes)




Fontes: 

www.educamaisbrasil.com.br

www.revistalingua.com.br

Minicontos

Eles não são reconhecidos como gênero literário, mas nas últimas décadas conquistaram muitos adeptos e leitores: os minicontos!

Minicontos, microcontos ou nanocontos, são contos bem curtos. Essas mininarrativas estão associadas às tendências de vanguarda e ao minimalismo.
Os minicontos apresentam uma narração em apenas uma linha ou um parágrafo.
A partir dos anos de 1990, os minicontos foram temas de vários estudos e antologias publicadas em todo o mundo.

Podemos até achar que esses minicontos são recentes, mas renomados escritores da literatura mundial também já se aventuraram nesse tema como: Tolstói, Jorge Luis Borges, Júlio Cortázar e Ernest Hemingway.

O escritor guatemalteco Augusto Montessoro, que morreu em 2003, é considerado um dos "fundadores" desse "gênero" com o miniconto "O Dinossauro", que escreveu usando trinta e sete letras. Esse conto foi considerado o menor da literatura mundial, na época:

O Dinossauro
Quando acordou o dinossauro ainda estava lá.

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A seguir, alguns exemplos de minicontos da literatura brasileira:

Fui me confessar ao mar,
O que ele disse? Nada.

(Lygia Fagundes Telles)

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A velha insônia tossiu três da manhã. 

(Dalton Trevisan)

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Natureza
Era de manhã, sem aflição. Ele desconfiou. Será que não estava entendendo ou um alguém que costumava lhe ditar secretamente as normas do dia ainda não tinha saído da pasmaceira noturna? Quis pegar a cortina. A mão caiu, fugiu-lhe o tecido. Tudo parecia vir de uma sintonia líquida, e não daquela solidez que o conduzia por horas, sem descanso. Não, ele não queria telefonar para ninguém, não precisava sair para comprar o que quer que fosse. Teria que aprender como continuar ali e assim. Se fingisse uma fuga? Mas temia o quê? Que esse bem-estar matutino terminasse e ele tivesse que optar por outra coisa que não pudesse nem ao menos se esboçar? Ele teria mesmo de aceitar isso que lhe vinha agora, já. E engoliu uma quase, quase marola – de ar...

(Do livro Mínimos, Múltiplos e Comuns, de João Gilberto Noll)





10 de julho de 2023

Como cuidar do seu livro

Não basta só ter uma estante bacana e muitos livros nela. Para preservar o seu acervo é preciso alguns cuidados básicos. 

Fiz uma lista de algumas dicas para ajudar você a cuidar do seu livro e preservá-lo por muito tempo.

  • Guarde os livros na vertical, pois fica mais fácil de manusear e conservar as laterais dele. 
  • Mantenha a estante sempre limpa. O ideal é limpar com um pano seco ou com uma escova de cerdas macias.
  • Mantenha os livros em locais arejados. Evite guardar em caixas, pois pode mofar.
  • Não dobre as páginas de um livro.
  • Não use clipes em livros, pois marcam e enferrujam com o tempo. Prefira sempre, marcadores de páginas.
  • Proteja os livros do sol. 


E você leitor, tem mais alguma dica de como cuidar de um livro? 

Comente aqui neste post!




8 de julho de 2023

Vamos prosear?

Qual a diferença entre a prosa, prosa poética e poema em prosa? 

Prosa


Prosa é uma narrativa, isto é, um texto em que seu principal objetivo é contar algum fato, além de não se preocupar com a forma (verso e rima, por exemplo).
Ao texto em prosa interessa mais a clareza do que a do ritmo.

A prosa divide suas frases em parágrafos e esse estilo é mais utilizado na linguagem do dia a dia para expressar um pensamento racional, pois a linguagem predominantemente é objetiva, real e menos subjetiva. Em suma, é um texto que expõe uma ideia, uma história ou um fato.

São exemplos de prosa: os romances, os contos, as crônicas, as novelas, os textos jornalísticos e técnicos.

Exemplo de prosa:

"Quando eu estava no primário, em Nsukka, uma cidade universitária no sudeste da Nigéria, no começo do ano letivo a professora anunciou que iria dar uma prova e quem tirasse a nota mais alta seria o monitor da classe. Ser monitor era muito importante. Ele podia anotar, diariamente, o nome dos colegas baderneiros, o que por si só já era ter um poder enorme; além disso, ele podia circular pela sala empunhando uma vara, patrulhando a turma do fundão. (...)"

Trecho do livro "Sejamos todos feministas", de Chimanda Ngozi Adichie.)

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Prosa poética

São textos em prosa que se aproximam da poesia. Há um olhar lírico que norteia o texto e este pode recorrer a figuras de linguagens, típicas da poesia, como a aliteração, a metáfora, a elipse e a sonoridade das frases.

Exemplo de prosa poética:

"Aurorava. O sol dava as cinco. As sombra, neblinubladas, iam espertando na ensonação geral. No topo das árvores, frutificavam os pássaros. Toda madrugada confirma: nada, neste mundo, acontece num súbito. A claridade já muito espontava, como lagarta luzinhenta roendo o miolo da escuridão. As criaturas se vão recortando sob o fundo da inexistência. (...)"

(Trecho do conto "O poente da bandeira", do livro "Estória Abensonhadas", do escritor Mia Couto.)

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Poema em prosa

São poemas que não utilizam a quebra em versos e seus textos são menores que os da prosa poética.

Exemplo de poema em prosa:

"Eu não sabia que as pedrinhas dos rios que eu guardava no bolso fossem de posse das rãs."

(Do livro "Menino do Mato", de Manoel de Barros.)


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