20 de fevereiro de 2012

Clarice Lispector - minha inspiração

Aproveito o feriado de carnaval para pôr em dia as minhas leituras e, entre essas, está a biografia de Clarice Lispector "Clarice," de Benjamin Moser. O desejo de ler o livro que conta a vida dessa autora tão enigmática, veio de um desejo incessante de ler cada vez mais suas obras, entre as quais destaco: "Perto de um coração selvagem", seu primeiro romance; "A paixão segundo G.H"; "Laços de Família"; "A via-crucis do corpo", seu livro mais profundo (na minha opinião); "A descoberta do mundo" (crônicas), e tantos outros textos que lemos aqui e acolá.  Não sei se é por afinidade (sentimentos mais secretos da minha alma feminina), não sei se é  admiração por sua forma de escrever tão introspectiva e intensa, mas a única certeza que tenho é que não quero parar por aqui...


Aproveitem o aperitivo e apreciem o conto:

RESTOS DO CARNAVAL

Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu. (...)
http://claricelispector.blogspot.com/2007/12/restos-do-carnaval.html

30 de novembro de 2011

As dores do mundo

Sinto bem fundo
todas as dores do mundo.

Só que meu poema
não conseguiu tocar
em feridas maiores.
Abro os jornais
e leio e choro e me arrepio
com a fome,
com a guerra,
com a aids,
com a violência,
com a destruição
do verde e da vida.

Tento escrever,
mas sai um poema impotente.
Fico pensando:
as dores do mundo
pedem canções
ou exigem ação?

(Elias José, "Cantigas de Adolescer",)

15 de outubro de 2011

O prazer de ler


O livro Comédia para se Ler na Escola, de Luis Fernando Veríssimo, apresenta um prefácio, escrito por Ana Maria Machado intitulado Bom de Ouvido. A escritora examinou a obra sob o ponto de vista do leitor jovem e encontra respostas para seduzir os leitores a lerem Veríssimo.
O trecho que destaco abaixo, despertou-me para a lembrança da descoberta do prazer da leitura.

"Volta e meia a gente encontra alguém que foi alfabetizado, mas não sabe ler. Quer dizer, até domina a técnica de juntar as sílabas e é capaz de distinguir no vidro dianteiro o itinerário de um ônibus. Mas passa longe de livro, revista, material impresso em geral. Gente que diz que não curte ler.
  Esquisito mesmo. Sei lá, nesses casos, sempre acho que é como se a pessoa estivesse dizendo que não curte namorar. Talvez nunca tenha tido a chance de descobrir como é gostoso. Nem nunca tenha parado para pensar que, se teve alguma experiência desastrosa em um namoro (ou em uma leitura), isso não quer dizer que todas vão ser assim. É só trocar de namorado ou namorada. Ou de livro. De repente, pode descobrir delícias que nem imaginava, gostosuras fantásticas, prazeres incríveis. Ninguém devia ser obrigado a namorar quem não quer. Ou ler o que não tem vontade. E todo mundo devia ter a oportunidade de experiementar um bocado nessa área, até descobrir qual é a sua."



Aos fãs de Clarice Lispector

  Benjamin Moser, pesquisador norte-americano e autor da biografia de Clarice Lispector (Clarice,), desmentiu através do seu Twitter que a atriz Meryl Streep não interpretará a escritora no filme. A obra de Moser será adpatada para o cinema, e a informação que Meryl Streep seria a protagonista, foi divulgada recentemente pelo Jornal O Globo. A atriz para o papel de Clarice, segundo o autor da biografia, ainda não foi escolhida.

   E por falar em Clarice Lispector, fiquei bastante "tocada" ao ver a sua última entrevista em vídeo. Pude então perceber, claramente, todas as suas personagens contidas em sua inigmática personalidade, impressionante...
  A entrevista foi concedida ao jornalista Junio Lerner, para o programa Panorama, da TV Cultura, em fevereiro de 1977. A exibição da entrevista foi após a  morte da escritora (9/12/77),  a pedido dela.


"... eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação ..."