8 de julho de 2023

Dicas para quem quer escrever um livro

Dia do Escritor será celebrado em 25 de julho e pensando sobre a arte de escrever, estou, novamente, publicando este texto, agora aqui neste Blog.

Seguem algumas dicas para motivar àqueles que estão com vontade de se lançarem ao mundo literário. 

Importante ressaltar: este texto foi escrito a quatro mãos: eu e Silvana Bonfim, que é autora de contos e do romance “Um Brinde ao Futuro”, lançado pela Editora Scortecci.

Primeira etapa: ter uma ideia.

Para uma ideia se transformar em um livro é preciso definir qual o gênero literário que domina. Mesmo que seja bom em muitos gêneros, foque em um e busque ler muito títulos com o gênero escolhido. A partir disso, é estabelecer uma rotina de trabalho. Escrever não é tarefa fácil, mesmo para quem tem muita habilidade. Certa vez, em uma entrevista o apresentador Jô Soares disse que a dica mais preciosa que ouviu e o incentivou a escrever, foi um “conselho” de um famoso escritor: “para fazer um livro é preciso escrever todos os dias, mesmo que seja para pôr uma vírgula em uma frase”.

Fundamental, também, é pesquisar sobre um tema, definir um roteiro, as personagens, o início, meio e fim da trama. Assim que o texto estiver pronto, mostrar a algumas pessoas próximas, quem sabe não serão seus futuros leitores?

Segunda etapa: ter um rascunho.

O rascunho é uma ferramenta valiosa para quem tem inspirações a qualquer hora do dia ou local. Então, anote tudo o que achar bom e necessário para o seu trabalho. Às vezes, uma conversa com alguém, uma leitura, um programa, pode trazer ideias que servirá para o seu texto. Finalizando essa etapa, texto pronto, chegará a hora de fazer a revisão da obra. Essa é uma tarefa que tem que ser feita com muita paciência e cuidado. A revisão é muito importante para não deixar passar erros e incoerências que prejudiquem a compreensão do leitor. Se não tiver muitas habilidades para essa etapa, peça a alguém para fazer esse serviço. Há muitos revisores no mercado, inclusive sites que oferecem esse trabalho.

Terceira etapa: publicar em plataformas.

Uma forma de ver o seu livro, de uma maneira mais rápida e sem custos, publicado, é investir nas plataformas digitais. Atualmente, há uma variedade de sites que publicam textos de forma autônoma. A vantagem é que essas plataformas têm um potencial enorme para atrair leitores e, quem sabe, atrair algum “olheiro” de alguma editora disposta a transformar o seu texto em um livro físico. Alguns escritores foram descobertos nessas plataformas, como por exemplo, a Wattpad, que lançou ao mundo editorial os autores Ana Todd, Taran Matharu, Lilian Carmine, Laurelin Page e Nana Pauvolih, entre outros.

Há uma variedade de plataformas disponíveis como a Clube dos Autores, Amazon KDP (Kildle Direct Publishe), Escrytos, Widbook, Kobo Riting Life, são alguns exemplos. 

Quarta etapa: a busca de uma editora.

Outra forma, um pouco mais trabalhosa, de ver o seu trabalho publicado, é investir na busca de uma editora. Muitos escritores iniciantes mandam seus textos por e-mails ou entregam pessoalmente. Ao escolher uma editora, é importante analisar as que têm interesses em comum com o enredo da sua obra. Assim, as chances de algumas dessas editoras se interessarem são maiores. A dificuldade nessa escolha será o tempo de espera por um retorno de algumas delas, mas se seu objetivo é esse, mantenha o foco e não desista!

Quinta etapa: divulgar seu trabalho por conta própria.

Nada mais fácil e de retorno mais rápido do que o famoso “boca a boca”. Portanto, caro futuro escritor, divulgue o seu livro aos familiares, amigos, colegas de trabalho, redes sociais etc. Se tiver a sorte de ter logo o seu exemplar publicado por uma editora, distribua em rádios, bibliotecas ou espaços culturais. Essa é uma boa maneira de testar novos leitores e tornar a sua história conhecida. Caso seja publicado em alguma plataforma, divulgue nas redes sociais, pelo wattsap ou por e-mail aos amigos e conhecidos. Assim, quanto mais divulgado e lido for o seu texto, mais chances de sucesso e quem sabe, em um futuro próximo, o retorno financeiro por seu trabalho.

Gostaram dessas dicas, futuros escritores? Comentem e me contem se já estão praticando a escrita. Boa sorte!! 😉 📕💻

Fontes:

www.revistabula.com

www.listasliterarias.com

Revista Nova Escola – Edição Especial nº41



29 de junho de 2023

Café com Literatura em clima machadiano

Convido os leitores a assistirem, no canal da Rádio Luz Radionica, no YouTube, ao meu programa Café com Literatura. Estes dois programas de junho que selecionei foram especiais, dedicados ao escritor Machado de Assis. O conto lido foi "A Cartomante". Curiosos? Venham provas deste Café!




 

A playlist das duas temporadas do programa estão disponíveis em https://www.youtube.com/@RadioLuzRadionica/playlists






Poesia & Poema

 A poesia pode estar em tudo: em uma situação do dia a dia, em uma imagem, em uma paisagem, em uma fotografia, na natureza, nas artes plásticas e em um poema. Isso não significa que a poesia não é exclusividade da literatura, tampouco do poema. A poesia está associada a uma atitude criativa, e não a um gênero literário. 

Um dia, perguntaram ao escritor e poeta Manuel Bandeira o que era poesia e ele respondeu:

"Eu, que desde os dez anos de idade faço versos; eu que tantas vezes sentira a poesia passar em mim como uma corrente elétrica e afluir aos meus olhos sob a forma de misteriosas lágrimas de alegria: não soube no momento forjar já não digo uma definição racional dessas, que, segundo regra a lógica, devem convir a todo o definido e só ao definido, mas uma definição puramente impírica, artística, literária."

O que seria, então, o poema?

O poema é um texto composto em versos e estrofes, em uma oposição aos textos compostos em prosa (textos escritos em parágrafos, ou seja, linhas longas). Um bom poema geralmente está carregado de poesia, mas há também poemas que recusam qualquer lirismo. São recursos muito empregados no poema: a musicalidade, a repetição e a linguagem metafórica, essa última responsável por conferir ao texto maior subjetividade.


Classificados Poéticos

Procura-se um equilibrista

que saiba caminhar na linha

que divide a noite do dia

que saiba carregar nas mãos

um fino pote cheio de fantasia

que saiba escalar nuvens arredias

que saiba construir ilhas de poesia

na vida simples de todo dia.

(Roseana Murray)





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24 de junho de 2023

O Bruxo do Cosme Velho

Em 21 de junho de 1839, um dos mais importantes escritores da literatura brasileira nascia - Joaquim Maria Machado de Assis. Ele foi poeta, cronista, contista, romancista, tradutor e crítico teatral.
O autor escreveu 9 romances, 4 livros de poesias, 7 livros de contos, 10 peças de teatro, além de crônicas e traduções de diversos clássicos da literatura.

Machado foi um "mágico" da escrita. Seu texto possui várias camadas e um leitor mais maduro desvenda rapidamente essa "magia", enquanto um leitor com menos maturidade pode até levar até muito tempo para perceber. 

BRUXARIA?

Não se sabe ao certo a origem do apelido "bruxo do Cosme Velho". Uma das hipóteses é que tenha surgido do poema "A um bruxo, com amor" de Carlos Drummond de Andrade, publicado no livro " A Vida Passada a Limpo", de 1959. A outra é que Drummond tivesse popularizado esse apelido que teve origem no objeto que está preservado no acervo da Academia Brasileira de Letras: um braseiro. Como Machado de Assis gostava de queimar suas cartas e colocava no caldeirão do lado de fora de sua casa, no Cosme Velho, os vizinhos o chamariam de "bruxo".

O que vocês acham dessas hipóteses? Quero saber!

Para aguçar ainda mais a curiosidade acerca do "Bruxo do Cosme Velho", o poema de Drummond para lermos atentos às dicas que o poeta nos dá.

A um bruxo, com amor

Em certa casa da Rua Cosme Velho
(que se abre no vazio)
venho visitar-te; e me recebes
na sala trajestada com simplicidade
onde pensamentos idos e vividos
perdem o amarelo
de novo interrogando o céu e a noite.

Outros leram da vida um capítulo, tu leste o livro inteiro.
Daí esse cansaço nos gestos e, filtrada,
uma luz que não vem de parte alguma
pois todos os castiçais
estão apagados.

Contas a meia voz
maneiras de amar e de compor os ministérios
e deitá-los abaixo, entre malinas
e bruxelas.
Conheces a fundo
a geologia moral dos Lobo Neves
e essa espécie de olhos derramados
que não foram feitos para ciumentos.

E ficas mirando o ratinho meio cadáver
com a polida, minuciosa curiosidade
de quem saboreia por tabela
o prazer de Fortunato, vivisseccionista amador.
Olhas para a guerra, o murro, a facada
como para uma simples quebra da monotonia universal
e tens no rosto antigo
uma expressão a que não acho nome certo
(das sensações do mundo a mais sutil):
volúpia do aborrecimento?
ou, grande lascivo, do nada?

O vento que rola do Silvestre leva o diálogo,
e o mesmo som do relógio, lento, igual e seco,
tal um pigarro que parece vir do tempo da Stoltz e do gabinete Paraná,
mostra que os homens morreram.
A terra está nua deles.
Contudo, em longe recanto,
a ramagem começa a sussurar alguma coisa
que não se estende logo
a parece a canção das manhãs novas.
Bem a distingo, ronda clara:
É Flora,
com olhos dotados de um mover particular
ente mavioso e pensativo;
Marcela, a rir com expressão cândida (e outra coisa);
Virgília,
cujos olhos dão a sensação singular de luz úmida;
Mariana, que os tem redondos e namorados;
e Sancha, de olhos intimativos;
e os grandes, de Capitu, abertos como a vaga do mar lá fora,
o mar que fala a mesma linguagem
obscura e nova de D. Severina
e das chinelinhas de alcova de Conceição.
A todas decifrastes íris e braços
e delas disseste a razão última e refolhada
moça, flor mulher flor
canção de mulher nova...
E ao pé dessa música dissimulas (ou insinuas, quem sabe)
o turvo grunhir dos porcos, troça concentrada e filosófica
entre loucos que riem de ser loucos
e os que vão à Rua da Misericórdia e não a encontram.
O eflúvio da manhã,
quem o pede ao crepúsculo da tarde?
Uma presença, o clarineta,
vai pé ante pé procurar o remédio,
mas haverá remédio para existir
senão existir?
E, para os dias mais ásperos, além
da cocaína moral dos bons livros?
Que crime cometemos além de viver
e porventura o de amar
não se sabe a quem, mas amar?

Todos os cemitérios se parecem,
e não pousas em nenhum deles, mas onde a dúvida
apalpa o mármore da verdade, a descobrir
a fenda necessária;
onde o diabo joga dama com o destino,
estás sempre aí, bruxo alusivo e zombeteiro,
que resolves em mim tantos enigmas.

Um som remoto e brando
rompe em meio a embriões e ruínas,
eternas exéquias e aleluias eternas,
e chega ao despistamento de teu pencenê.
O estribeiro Oblivion
bate à porta e chama ao espetáculo
promovido para divertir o planeta Saturno.
Dás volta à chave,
envolves-te na capa,
e qual novo Ariel, sem mais resposta,
sais pela janela, dissolves-te no ar.

(Carlos Drummond de Andrade)

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