12 de junho de 2013

Fernando Pessoa: "Eu sou muitos"

Homenagem aos 125 anos do nascimento de Fernando Pessoa

Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa em 13 de junho de 1888. Faleceu na mesma cidade em 30 de novembro de 1935.
Sua produção até hoje não foi totalmente publicada: o escritor deixou cerca de 27 mil papéis (muitos deles ainda inéditos) guardados em um baú.
Assim, o escritor descreve o seu trabalho : "O que Fernando Pessoa escreve pertence a duas categorias de obras, a que poderemos chamar de ortônimas e heterônimas. Não se poderá dizer que são anônimas e pseudônimas, porque deveras o não são. A obra pseudônima é do autor em sua pessoa, é de uma individualidade completa fabricada por ele, como seriam os dizeres de qualquer personagem de qualquer drama seu."

Fernando Pessoa foi uma figura importante do Modernismo em função da obra, peculiaríssima, que se desdobra em três heterônimos principais: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Essas identidades imaginárias dos heterônimos incluíam assinaturas próprias. Segundo o poeta, "estas individualidades devem ser consideradas como distintas da do autor delas. Forma cada uma uma espécie de drama; e todas elas juntas formam outro drama."
 
Fernando Pessoa é o maior poeta português, depois de Camões.


(...)
Nem nunca, propriamente, reparei
Se na verdade sinto o que sinto.
Eu serei tal qual pareço em mim? Serei
Tal qual me julgo verdadeiro?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu.
Nem sei bem se sou em que em mim sente.
(Álvaro de Campos. Da série "Três sonetos", 1915)
 
***

Ser uma cousa é não significar nada.
Ser uma cousa é não ser susceptível de interpretação.
(Alberto Caeiro. Sem título. Poemas inconjuntos, 12-4-1919)

***
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
     
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!
     
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
     
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
(Fernando Pessoa. Presságio. 24-4-1928)
 
                                                                               ***
 (...)
Tenho mais almas que uma.            
Há mais eus do que eu mesmo.       
Existo todavia                                
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.
 
Os impulsos cruzados
Do sinto ou não sinto.
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu escrevo.
(Ricardo Reis. 13-11-1935)
***

Sugestões de literatura infantojuvenil:
PAIS, Amelia Pinto. Fernando Pessoa, o menino da sua mãe. Companhia das Letrinhas.
ABREU, Estela dos Santos. Poesia de Fernando Pessoa para todos. Editora Martins.

Para saber mais sobre o poeta, acesse:
arquivopessoa.net/textos
releituras.com/fpessoa_menu.asp
pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa
 

  "Minha Pátria é a língua portuguesa."
Fernando Pessoa
 

Pesquisa:

INFANTE, Ulisses. Curso de Literatura de Língua Portuguesa. São Paulo: Scipione, 2001.
FERNADO PESSOA, plural como o universo / [curadoria de textos de Carlos Felipe Moisés e Richard Zenith]. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2010.

 

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