7 de março de 2014

O dia da catarse de Fernando Pessoa

 "A minha arte é ser eu. Eu sou muitos."
                                                                Fernando Pessoa
 
 
Dia 8 de março, completam-se 100 anos do dia em que o poeta Fernando Pessoa, teve a grande inspiração para a  criação de seus heterônimos: Alberto Caieros, o mestre pagão, Ricardo Reis, o neoclássico estoico, e Álvaro de Campos, o modernista.
 
A propensão heteronímica já povoava o espírito imaginativo e raciocinante desde a infância. Seu primeiro heterônimo foi um certo Chevalier de Pas, que Fernando Pessoa criou por volta dos seis anos, e cuja companhia preferia à dos brinquedos convencionais.
Os heterônimos são apenas indícios de algo mais fundo e determinante na obra pessoana, que é de enorme variedade de tendências e caminhos, gêneros e estilos, que a anima em todas as dimensões. Para além da heteronímia, essa obra foi todo concebida e realizada sob o signo da multiciplicidade, que o autor encara como fundamento ontológico. Fato evidente na existência dos diferentes personagens-autores que concebeu, como Caeiro, Reis, Campos, Soares e o ortônimo, e dezenas de outros, que ele apenas esboçou, como Alexander Search, Antônio Mora , Barão de Teive, Charles Robert Anon, Joaquim Moura Costa, Vicente Guedes, Raphael Baldaya, Maria José e Gaudêncio Nabos.
 
 
 
ALBERTO CAEIRO
 
"Não sei o que é a Natureza: canto-a.
Vivo no cimo dum outeiro
Numa casa caiada e sozinha,
E essa é a minha definição."
(O guardador de rebanhos, XXX, 1914)
 
RICARDO REIS
 
"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui,
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
(14-2-1033)
 
 
ÁLVARO DE CAMPOS
 
"Minhas sensações são um barco de quilha pro ar,
Minha imaginação uma âncora meio submersa,
Minha ânsia um remo partido,
E a tessitura dos meus versos uma rede a secar na praia."
(Ode marítima, 1915)
 
 
BERNARDO SOARES
 
"Nunca amamos ninguém. Amamos, tão somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma. é a nós mesmos - que amamos. "
(25-7-1930)
 
 
FERNANDO PESSOA
 
A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir com eu existo.
 
A terra é feita de céu].
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.
(Sem título, 23-5-1932)
 
 

Para saber mais leia este artigo do blog da L&PM Editores:
O dia triunfal de Fernando Pessoa


Heterônimo - Nome imaginário sob o qual um escritor cria obras de estilo, tendência e características diversas das suas, como se fossem de fato de outro autor.

Ortônimo -  Nome civil correto; nome verdadeiro, real.



Fontes:
Catálogo da Exposição "Fernando Pessoa, plural como o universo", realizada em São Paulo no Museu da Língua Portuguesa e no Rio de Janeiro, no Centro Cultural dos Correios, em 2011.
L&PM Blog.
 

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