13 de agosto de 2017

Quem quiser que conte outra...

Era uma vez... 
Ouvi muitas e muitas histórias antes de dormir contadas pela minha avó. Ela tinha um vasto repertório, repleto de príncipes, princesas, bruxas, castelos e tantos outros personagens nas mais diversas aventuras. Isso marcou minha memória afetiva-leitora e mesmo quando eu já sabia ler muito bem, já mais "grandinha", nunca desperdicei desse prazer.
Através da voz de um adulto, uma criança tem o seu primeiro contato oralmente com um texto e isso é  muito importante para a formação de qualquer criança. Além disso, abre caminhos para aprender a ser um leitor, descobrir e compreender o mundo.
Como se conta uma história? Ah, o primeiro passo é saber como se faz. Não basta pegar um livro aleatoriamente sem saber do enredo, personagens, ritmo da história. A dica é: leia antes, familiarize-se com a leitura, perceba bem cada palavra, sinta cada frase, o ritmo, a pausa... A leitura tem que ter a emoção de quem lê,  para passar esse encantamento a quem ouve. Aproveitar o texto, curtir o momento, envolver... esse é o pulo do gato: envolver e deixar-se envolver pelo texto.
Para quem tem mais habilidade e não precisa do auxílio de um livro, a narrativa tem que motivar a atenção e despertar admiração. O contador tem que conduzir a situação e envolver o ouvinte com uma boa trama, tem que criar um clima de envolvimento e de encanto. Para isso, precisa saber criar pausas, intervalos, respeitar o tempo para o imaginário do ouvinte.
Outra dica muito importante é saber usar as possibilidades da voz: sussurrar, levantar a voz, falar mansinho, usar ruídos, espantos etc, tudo isso dentro do contexto do que se está narrando. 
Contar histórias não é só para crianças que não sabem ler, com as crianças maiores, o ouvir estimula o desenhar, o musicar, o teatralizar, o imaginar, o escrever. Já com os jovens, a leitura compartilhada pode ser uma maneira divertida de estimular a criatividade: eles podem criar novos personagens, um novo final, uma nova trama dentro da mesma história. 
Ler, ler, contar, contar... são tantas as possibilidades de narrar que nem nos damos conta que essa tradição é um costume popular milenar.
E quem quiser que conte outra...



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