23 de janeiro de 2013

A prosa poética de Mia Couto


Natural da Beira, Moçambique, Mia Couto é considerado um dos nomes mais importantes da nova geração de escritores africanos de língua portuguesa.
António Emílio Leite Couto é conhecido por Mia desde a infância. Há duas versões para a origem do apelido, uma delas diz que quando ele tinha entre dois ou três anos pensava que era um gato e alimentava-se como eles.  A outra versão para  “Mia” vem do fato do irmão menor não conseguir pronunciar “Emílio”.
Biografia disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mia_Couto

 
Mia Couto é um “escritor da terra”, escreve e descreve as próprias raízes do mundo, explorando a própria natureza humana na sua relação umbilical com a terra.
A sua linguagem fértil em neologismos, confere o atributo singular de percepção e interpretação da beleza interna das coisas.  
É o único africano membro da Academia Brasileira de Letras.
Atualmente é o autor moçambicano mais traduzido e divulgado no estrangeiro.
Seu último livro, "A confissão da leoa", é inspirado em fatos reais. São dois narradores que se alternam, o caçador e a moradora da aldeia de Kulumani.  O caçador é enviado à região para liquidar os leões que aterrorizam a aldeia, e se depara com situações complexas.
Um drama denso que mistura mito e realidade. Para os fãs, imperdível.
 
 
 
 

20 de janeiro de 2013

DIREITOS IMPRESCRITÍVEIS DO LEITOR

  1. O direito de não ler.
  2. O direito de pular páginas.
  3. O direito de não terminar um livro.
  4. O direito de reler.
  5. O direito de ler qualquer coisa.
  6. O direito ao bovarismo (doença textualmente transmissíve).
  7. O direito de ler em qualquer lugar.
  8. O direito de ler uma frase aqui outra ali.
  9. O direito de ler em voz alta.
  10. O direito de calar.

(Daniel Pennac) 
 
 
TEC TEC TEC...

Podemos consultar as mais recentes publicações nacionais e internacionais no CCBB Rio de Janeiro. São cerca de 30 publicações, entre elas: The Economist, Bravo, Le Monde Diplomatique, Beaux Arts Magazine, Veja, Isto É, Rollings Stones Brasil e outras.
Disponível na  Biblioteca do CCBB: 5º andar, terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada Franca.
http://www.bb.com.br/cultura

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Segundo o Jornal O Dia, um estudo britânico divulgou, em Londres, que ler autores clássicos estimula o cérebro. De acordo com a pesquisa, a atividade cerebral aumenta quando o leitor encontra palavras incomuns ou diferentes das usadas no vocabulário coloquial atual.
 
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A Justiça do município de Macaé, Rio de Janeiro, manda recolher livros "impróprios".  O sucesso de "50 Tons de Cinza" foi uma das causas da proibição.
 
 

8 de março de 2012

Visão de uma grande mulher

Visão de Clarice Lispector
Clarice,
veio de um mistério, partiu para outro.

Ficamos sem saber a essência do mistério.
Ou o mistério não era essencial,
era Clarice viajando nele.

Era Clarice bulindo no fundo mais fundo,
onde a palavra parece encontrar
sua razão de ser, e retratar o homem.

O que Clarice disse, o que Clarice
viveu por nós em forma de história
em forma de sonho de história
em forma de sonho de sonho de história
(no meio havia uma barata
ou um anjo?)
não sabemos repetir nem inventar.
São coisas, são jóias particulares de Clarice
que usamos de empréstimo, ela dona de tudo.

Clarice não foi um lugar-comum,
carteira de identidade, retrato.
De Chirico a pintou? Pois sim.

O mais puro retrato de Clarice
só se pode encontrá-lo atrás da nuvem
que o avião cortou, não se percebe mais.

De Clarice guardamos gestos. Gestos,
tentativas de Clarice sair de Clarice
para ser igual a nós todos
em cortesia, cuidados, providências.
Clarice não saiu, mesmo sorrindo.
Dentro dela
o que havia de salões, escadarias,
tetos fosforescentes, longas estepes,
zimbórios, pontes do Recife em bruma envoltas,
formava um país, o país onde Clarice
vivia, só e ardente, construindo fábulas.

Não podíamos reter Clarice em nosso chão
salpicado de compromissos. Os papéis,
os cumprimentos falavam em agora,
edições, possíveis coquetéis
à beira do abismo.
Levitando acima do abismo Clarice riscava
um sulco rubro e cinza no ar e fascinava.

Fascinava-nos, apenas.
Deixamos para compreendê-la mais tarde.
Mais tarde, um dia... saberemos amar Clarice.
 (Carlos Drummond de Andrade)