21 de junho de 2013

21 de junho: 174º aniversário de Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) nasceu em 21 de junho no Rio de Janeiro. Mestiço de origem humilde, cursou apenas a escola primária, pois foi obrigado a trabalhar desde a infância.
Foi tipógrafo, revisor em casa editora, funcionário público, jornalista, crítico literário e teatral, teatrólogo, poeta, contista e romancista.
 
 
Machado de Assis: a linguagem pensante da literatura 
 
 A  vasta produção de Machado de Assis pode ser classificada em dois grupos de obras. Ao primeiro grupo pertencem "Ressurreição" (1872), "Helena" (1876), "A mão e a luva" (1874), "Iaiá Garcia" (1878), obras que apresentam características mais gerais do romance do século XIX.
"Memórias póstumas de Brás Cubas" (1881) inicia uma segunda etapa da produção do escritor. A partir dessa obra, Machado revela-se um gênio da análise psicológica de personagens, tornando-se o maior contista da língua portuguesa e um dos raros romancistas de interesse universal. Nesse grupo incluem-se os romances "Quincas Borba" (1891), "Dom Casmurro" (1899), "Esaú e Jacó" (1904)  e "Memorial de Aires" (1908).
 
 Machado de Assis foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, da qual foi aclamado presidente perpétuo. Em sua homenagem, a academia chama-se também
"Casa de Machado de Assis".
 
                                                                                                                    
Para saber mais sobre a biografia, a bibliografia e as produções do escritor, acesse:
http://www.machadodeassis.org.br/
http://machado.mec.gov.br/


Aprecie um dos textos do nosso "Bruxo do Cosme Velho":

 
O nascimento da crônica 
 
Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sacudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmosféricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e La glace est rompue; está começada a crônica.

Mas, leitor amigo, esse meio é mais velho ainda do que as crônicas, que apenas datam de Esdras. Antes de Esdras, antes de Moisés, antes de Abraão, Isaque e Jacó, antes mesmo de Noé, houve calor e crônicas. No paraíso é provável, é certo que o calor era mediano, e não é prova do contrário o fato de Adão andar nu. Adão andava nu por duas razões, uma capital e outra provincial. A primeira é que não havia alfaiates, não havia sequer casimiras; a segunda é que, ainda havendo-os, Adão andava baldo ao naipe. Digo que esta razão é provincial, porque as nossas províncias estão nas circunstâncias do primeiro homem. [...]

 
Para continuar a leitura de "O nascimento da crônica", acesse:
http://www.releituras.com/machadodeassis_menu.asp
 
Outras obras de Machado de Assis:

Poesia 
Crisálidas
Falenas
Americanas
Ocidentais
Poesias completas

Contos
A Carteira
Miss Dollar
O Alienista
Noite de Almirante
O Homem Célebre
Conto da Escola
Uns Braços
A Cartomante
O Enfermeiro
Trio em Lá Menor
Missa do Galo

Teatro
Hoje avental, amanhã luva - 1860
Desencantos - 1861
O caminho da porta, 1863
Quase ministro - 1864
Os deuses de casaca - 1866
Tu, só tu, puro amor - 1880
Lição de botânica - 1906 


 

 

14 de junho de 2013

Mia Couto partilha Prêmio Camões com conterrâneos

Mia Couto,  biólogo e escritor  moçambicano, autor de  "Terra Sonâmbula", "Estórias Abesonhadas", "Último voo do flamingo", "A confissão da Leoa", entre outros livros -  é o ganhador do Prêmio Camões, um dos mais importantes da literatura portuguesa. O anúncio do prêmio foi anunciado em maio deste ano.
Aproveito a oportunidade para homenagear este escritor que me encanta por sua linguagem e prosa poética e, que sabe entrelaçar tão bem misticismo e realidade.
 
Parabéns, Mia Couto!
 
Mia Couto partilha Prémio Camões com moçambicanos - Cultura - Notícias - RTP

http://veja.abril.com.br/blog/meus-livros/premios/mocambicano-mia-couto-leva-o-premio-camoes-2013/

12 de junho de 2013

Fernando Pessoa: "Eu sou muitos"

Homenagem aos 125 anos do nascimento de Fernando Pessoa

Fernando Antônio Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa em 13 de junho de 1888. Faleceu na mesma cidade em 30 de novembro de 1935.
Sua produção até hoje não foi totalmente publicada: o escritor deixou cerca de 27 mil papéis (muitos deles ainda inéditos) guardados em um baú.
Assim, o escritor descreve o seu trabalho : "O que Fernando Pessoa escreve pertence a duas categorias de obras, a que poderemos chamar de ortônimas e heterônimas. Não se poderá dizer que são anônimas e pseudônimas, porque deveras o não são. A obra pseudônima é do autor em sua pessoa, é de uma individualidade completa fabricada por ele, como seriam os dizeres de qualquer personagem de qualquer drama seu."

Fernando Pessoa foi uma figura importante do Modernismo em função da obra, peculiaríssima, que se desdobra em três heterônimos principais: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Essas identidades imaginárias dos heterônimos incluíam assinaturas próprias. Segundo o poeta, "estas individualidades devem ser consideradas como distintas da do autor delas. Forma cada uma uma espécie de drama; e todas elas juntas formam outro drama."
 
Fernando Pessoa é o maior poeta português, depois de Camões.


(...)
Nem nunca, propriamente, reparei
Se na verdade sinto o que sinto.
Eu serei tal qual pareço em mim? Serei
Tal qual me julgo verdadeiro?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu.
Nem sei bem se sou em que em mim sente.
(Álvaro de Campos. Da série "Três sonetos", 1915)
 
***

Ser uma cousa é não significar nada.
Ser uma cousa é não ser susceptível de interpretação.
(Alberto Caeiro. Sem título. Poemas inconjuntos, 12-4-1919)

***
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
     
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!
     
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
     
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
(Fernando Pessoa. Presságio. 24-4-1928)
 
                                                                               ***
 (...)
Tenho mais almas que uma.            
Há mais eus do que eu mesmo.       
Existo todavia                                
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.
 
Os impulsos cruzados
Do sinto ou não sinto.
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu escrevo.
(Ricardo Reis. 13-11-1935)
***

Sugestões de literatura infantojuvenil:
PAIS, Amelia Pinto. Fernando Pessoa, o menino da sua mãe. Companhia das Letrinhas.
ABREU, Estela dos Santos. Poesia de Fernando Pessoa para todos. Editora Martins.

Para saber mais sobre o poeta, acesse:
arquivopessoa.net/textos
releituras.com/fpessoa_menu.asp
pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa
 

  "Minha Pátria é a língua portuguesa."
Fernando Pessoa
 

Pesquisa:

INFANTE, Ulisses. Curso de Literatura de Língua Portuguesa. São Paulo: Scipione, 2001.
FERNADO PESSOA, plural como o universo / [curadoria de textos de Carlos Felipe Moisés e Richard Zenith]. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2010.