4 de outubro de 2013

Livros, leituras, leitores...

 
"É ainda possível chorar sobre as páginas de um livro, mas não se pode derramar lágrimas sobre um disco rígido."
(José Saramago)
 
"Onde eu não estou, as palavras me acham."
(Manoel de Barros)
 
"Um livro deve ser o machado que partirá os mares congelados dentro de nossa alma."
(Franz Kafka)
 
"Sempre imaginei o paraíso como uma grande biblioteca."
(Jorge Luís Borges)
 
"O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive."
(Pe. Antônio Vieira)
 
"A leitura engrandece a alma."
(Voltaire)
 
"Quem não vê bem uma palavra, não pode ver bem uma alma."
(Fernando Pessoa)

 
"A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas, por incrível que pareça, a quase totalidade das pessoas não sente esta sede."
(Carlos Drummond de Andrade)
 


 


30 de setembro de 2013

Não tão ruim assim

Compartilho este quadrinho da comunidade "Quadrinhos Ácidos" postado em uma rede social e aproveito para lançar uma reflexão: há um lado ruim em gostar de livros?

 

27 de setembro de 2013

A leitura compartilhada

"...a leitura compartilhada é a base da formação de leitores.”
                                                                   (Tereza Colomer)
Por que é tão importante compartilhar a leitura? Porque torna possível a troca de experiências com outras pessoas em benefício da construção de sentido, além de tratar de uma aprendizagem social e afetiva.
Na escola, a leitura sempre se relaciona com as atividades compartilhadas. Não se pode manter essa dimensão socializadora dentro dos limites de algo separado, quando se fala dos livros no ambiente escolar.
Crianças ou jovens que exploram juntos os livros, habituam-se depressa a perceber os jogos textuais, as linhas de sentido, as estruturas paralelas, as repetições etc. Conversar com eles sobre o que é lido é fundamental. Muitas atividades podem ser desenvolvidas após uma discussão seguida à leitura compartilhada. Pode-se discutir sobre a história, o ritmo, as personagens, a percepção do objeto-livro (capa, encadernação, paginação, ilustração, formato) etc. Essas atividades ajudam na compreensão da leitura e proporciona uma aprendizagem rica, ou seja, cada um tem a oportunidade ver a forma em que operam os outros no entendimento do texto.
"Para a escola, as atividades compartilhadas são as que melhor respondem a esse antigo objetivo de 'formar o gosto' a que aludimos; porque comparar a leitura individual com a realizada por outros é o instrumento por excelência para construir o etinerário entre a recepção individual das obras e sua valorização social." (COLOMER, 2007)
O professor que provoca uma discussão, por exemplo, no início de um capítulo, está criando um espaço de leitura compartilhada em classe. Desde modo, dá oportunidade à apreciação com os demais e a construção de um sentido entre todos os alunos leitores.
O livro a ser compartilhado deve ser aquele que ofereça alguma dificuldade ao leitor. Se não há um significado que requeira um esforço de construção, não se pode negociar um sentido. Encontrar ambiguidades interessantes encaminha o leitor a buscar indícios, reler passagens e discutir possíveis interpretações.
A escola é o contexto de relação onde se constrói essa ponte. Não se pode deixar de dar aos alunos a oportunidade de atravessá-la.
Bibliografia:
COLOMER, Tereza. Andar entre livros: a leitura literária na escola. São Paulo: Global, 2007.
 

21 de setembro de 2013

Veríssimo

Luís Fernando Veríssimo é cronista, contista, romancista e quadrinista. Nasceu em 26 de setembro de 1936, em Porto Alegre. Iniciou seus estudos em sua cidade natal e continuou nos Estados Unidos. 

A primeira experiência literária foram as cartas ao pai, o escritor Érico Veríssimo, contando suas dificuldades quando mudou para o Rio de Janeiro.
Quando voltou a Porto Alegre, Veríssimo foi trabalhar no jornal Zero Hora.
Em 1975 publicou a coletânea "A grande mulher nua".
Um dos sonhos do escritor era ser desenhista profissional, mas ele nunca levou isso muito a sério. Mesmo assim, produziu tirinhas diárias para os jornais. Assim nasceram  "As cobras", "Ed Mort" e "Família Brasil".
Veríssimo diz que aprendeu sozinho tudo que é verdadeiramente útil na sua profissão de escritor.
É considerado um dos melhores escritores da literatura brasileira.
 
Para saber mais sobre Veríssimo, acesse:

Uma crônica de aperitivo:

                                    COMUNICAÇÃO

É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como é mesmo o nome?
"Posso ajudá-lo, cavalheiro?"
"Pode. Eu quero um daqueles, daqueles..."
"Pois não?"
"Um... como é mesmo o nome?"
"Sim?"
"Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima."
"Sim senhor."
"O senhor vai dar risada quando souber."
"Sim senhor."
"Olha, é pontuda, certo?"
"O quê, cavalheiro?"
"Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra volta, só que está e mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?"
"Infelizmente, cavalheiro..."
"Ora, você sabe do que eu estou falando."
"Estou me esforçando, mas..."
"Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo?"
"Se o senhor diz, cavalheiro."
"Como, se eu digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso não saber o nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero."
"Sim senhor. Pontudo numa ponta."
"Isso. Eu sabia que você compreenderia. Tem?"
"Bom, eu preciso saber mais sobre o, a, essa coisa. Tente descrevê-la outra vez. Quem sabe o senhor desenha para nós?"
"Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma negação em desenho."
"Sinto muito."
"Não precisa sentir. Sou técnico em contabilidade, estou muito bem de vida. Não sou um débil mental. Não sei desenhar, só isso. E hoje, por acaso, me esqueci do nome desse raio. Mas fora isso, tudo bem. O desenho não me faz falta. Lido com números. Tenho algum problema com os números mais complicados, claro. O oito, por exemplo. Tenho que fazer um rascunho antes. Mas não sou um débil mental, como você está pensando."
"Eu não estou pensando nada, cavalheiro."
"Chame o gerente."
"Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa coisa que o senhor quer, é feito do quê?"
"É de, sei lá. De metal."
"Muito bem. De metal. Ela se move?"
"Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim, dobra aqui e encaixa na ponta, assim."
"Tem mais de uma peça? Já vem montado?"
"É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço."
"Francamente..."
"Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem vindo, outra volta e clique, encaixa."
"Ah, tem clique. É elétrico."
"Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar."
"Já sei!"
"Ótimo!"
"O senhor quer uma antena externa de televisão."
"Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo..."
"Tentemos por outro lado. Para o que serve?"
"Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a ponta pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa."
"Certo. Esse instrumentos que o senhor procura funciona mais ou menos como um gigantesco alfinete de segurança e..."
"Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança!"
"Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!"
"É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é mesmo o nome?


(VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comunicação. In: PARA gostar de ler, v.7. 18.ed. São Paulo: Ática, 2022. p. 28-30 )

   
                                                              *************
Atualmente, escreve para algumas revistas e jornais, como O Globo e Estadão.
 
 "Você eu não sei, mas eu estou preocupadíssimo com a revelação de que os americanos têm monitorado tudo que é dito e escrito no Brasil nos últimos anos. Ouvem nossos telefonemas, leem nossos e-mails e, provavelmente, examinem o nosso lixo, atrás de indícios da nossa periculosidade (...)"
 
Outras crônicas de Veríssimo no Estadão, acesse:
 
                             
                                 *As cobras