6 de junho de 2020

LIVROS X FILMES

A escritora Ana Maria Machado, no livro "Os Clássicos Universais desde cedo", descreve no capítulo "Clássicos, Crianças e Jovens", uma dica importante para incentivar a leitura: "O primeiro contato com um clássico, na infância e adolescência, não precisa ser com o original. O ideal é uma adaptação bem-feita e atraente." 
Podemos incluir nessas adaptações os filmes baseados em obras literárias. Muitos livros foram adaptados para o  cinema e alavancaram as vendas. Confesso que prefiro ler o livro e depois assistir ao filme, mas em se tratando de incentivar um jovem ao mundo literário, nada melhor que indicar um filme para despertar a curiosidade dele. Quem sabe nasce um futuro leitor? Acredito que muitos que assistem a um filme, têm interesse em saber mais detalhes sobre a história e acabam lendo a obra original.

OS PRIMEIROS FILMES ADAPTADOS
Segundo a  Revista Super Interessante, em 1896 foi lançado o primeiro filme que se tem registro:"Triby e o pequeno Billee", um curta, de 22 segundos, que recria uma cena do livro "Trilby", do escritor francês Gerald du Maurier, famoso na época. E a partir do ano seguinte, obras de ficção começaram a ser adaptadas. Em 1903, foi registrado um filme mudo "Shelock Holmes Baffled", de 30 segundos, feito nos EUA, baseado na obra de Conan Doyle. Também no mesmo ano, Alice no País das Maravilhas, obra de Lewis Carroll, ganhou sua primeira versão cinematográfica, um curta metragem mudo "Alice Wonderland".


Selecionei alguns livros, clássicos da literatura, que foram adaptados para o cinema. 
  • O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas;
  • Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas;
  • Madamy Bovary, de Flaubert;
  • Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll;
  • O Nome da Rosa, de Humberto Eco;
  • O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde;
  • Drácula, de Bram Stoker;
  • Sherlock Holmes, de Conan Doyle;
  • Frankestein, de Mary Shelley;
  • Peter Pan, de J. M. Barrie;
  • Macunaíma, de Mario de Andrade;
  • Vidas Secas, de Graciliano Ramos;
  • O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna;
  • O Pagador de Promessas, de Dias Gomes;
  • O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo;
  • O Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos;
  • Dom Casmurro, de Machado de Assis;
  • Capitães de Areia, de Jorge Amado;
  • Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto;
  • A Hora da Estrela, de Clarice Lispector.




16 de maio de 2020

Fique em casa!

A minha ausência por aqui não foi em vão, pude me abastecer de novos aprendizados e também surgiu novas responsabilidades. 
Chegamos em 2020, tudo parecia fluir como normalmente, mas silenciosamente fomos caindo em meio a uma pandemia que fez o mundo parar, literalmente. Estamos ainda perplexos, sem eixo, mas estamos nos reiventando, criando novos olhares para o mundo e cada vez mais conectados. Estar seguro, é estar isolado. Estar seguro, é estar bem de saúde. Estar seguro pode ser só por hoje, não sabemos... 
Que não nos falte a esperança que tudo isso vai passar e que sairemos mais fortes, modificados internamente. Contudo, não sabemos.

Para nos encher de boas vibrações, um poema de Cora Coralina que, coincidentemente, nos representa neste momento. Nós, mascarados do século XXI, precisamos semear bons frutos para um planeta melhor.


Mascarados 
(Cora Coralina)
Saiu o Semeador a semear
Semeou o dia todo
e a noite o apanhou ainda
com as mãos cheias de sementes.
Ele semeava tranqüilo
sem pensar na colheita
porque muito tinha colhido
do que outros semearam.
Jovem, seja você esse semeador
Semeia com otimismo
Semeia com idealismo
as sementes vivas
da Paz e da Justiça.


19 de agosto de 2017

Drummond, eterno!


"E como ficou chato ser moderno. 

                                                                                        Agora serei eterno."


Há 30 anos, em 17 de agosto de 1987, Carlos Drummond de Andrade se tornaria, de fato, eterno. Ele partiu 12 dias após o falecimento de sua única e tão amada filha, Maria Julieta. 
Drummond, poeta, cronista, contista, pensador, itabirano, carioca, humano... são tantas as faces que não cabem em um espaço, em um poema, em um universo. 


Poeta querido, em homenagem, o meu canto de amor eterno:

O Amor Bate na Aorta

Cantiga de amor sem eira
nem beira,
vira o mundo de cabeça
para baixo,
suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for, -
é o amor.

Meu bem, não chores,
hoje tem filme de Carlito.

O amor bate na porta
o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.

Entre uvas meio verdes,
meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.

Amor é bicho instruído.

Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que corre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender...


(Carlos Drummond de Andrade)


Em 31 de outubro, no Dia D, será lançado "Uma Forma de Saudade - Páginas de Diário", pela Companhia das Letras. Nessa obra estarão trechos dos diários do escritor, herdados pelo neto Pedro. Segundo o caderno de cultura do Estadão, esse livro terá tiragem limitada por conta do projeto gráfico especial. Uma preciosa homenagem!


13 de agosto de 2017

Quem quiser que conte outra...

Era uma vez... 
Ouvi muitas e muitas histórias antes de dormir contadas pela minha avó. Ela tinha um vasto repertório, repleto de príncipes, princesas, bruxas, castelos e tantos outros personagens nas mais diversas aventuras. Isso marcou minha memória afetiva-leitora e mesmo quando eu já sabia ler muito bem, já mais "grandinha", nunca desperdicei desse prazer.
Através da voz de um adulto, uma criança tem o seu primeiro contato oralmente com um texto e isso é  muito importante para a formação de qualquer criança. Além disso, abre caminhos para aprender a ser um leitor, descobrir e compreender o mundo.
Como se conta uma história? Ah, o primeiro passo é saber como se faz. Não basta pegar um livro aleatoriamente sem saber do enredo, personagens, ritmo da história. A dica é: leia antes, familiarize-se com a leitura, perceba bem cada palavra, sinta cada frase, o ritmo, a pausa... A leitura tem que ter a emoção de quem lê,  para passar esse encantamento a quem ouve. Aproveitar o texto, curtir o momento, envolver... esse é o pulo do gato: envolver e deixar-se envolver pelo texto.
Para quem tem mais habilidade e não precisa do auxílio de um livro, a narrativa tem que motivar a atenção e despertar admiração. O contador tem que conduzir a situação e envolver o ouvinte com uma boa trama, tem que criar um clima de envolvimento e de encanto. Para isso, precisa saber criar pausas, intervalos, respeitar o tempo para o imaginário do ouvinte.
Outra dica muito importante é saber usar as possibilidades da voz: sussurrar, levantar a voz, falar mansinho, usar ruídos, espantos etc, tudo isso dentro do contexto do que se está narrando. 
Contar histórias não é só para crianças que não sabem ler, com as crianças maiores, o ouvir estimula o desenhar, o musicar, o teatralizar, o imaginar, o escrever. Já com os jovens, a leitura compartilhada pode ser uma maneira divertida de estimular a criatividade: eles podem criar novos personagens, um novo final, uma nova trama dentro da mesma história. 
Ler, ler, contar, contar... são tantas as possibilidades de narrar que nem nos damos conta que essa tradição é um costume popular milenar.
E quem quiser que conte outra...