21 de julho de 2023

Metapoema

Gastei uma hora pensando um verso

que a pena não quer escrever

no entanto ele está cá dentro 

inquieto, vivo

ele está cá dentro

e não quer sair

mas a poesia deste momento

inunda minha vida inteira.

(Carlos Drummond de Andrade)


Drummond nos presenteou com esse "metapoema", e o que seria isso? Metapoema é um poema que toma como tema a própria poesia. O autor reflete sobre o processo da criação poética ou do poema que ele mesmo escreve.

Quer outro exemplo? Que tal o "proema" de Paulo Leminsky:

Proema

Não há verso,

tudo é prosa,

passos de luz

num espelho,

verso, ilusão

de ótica,

verde,

o sinal vermelho.


Coisa 

feita de brisa, 

de mágoa

e de calmaria,

dentro, 

de tal poema, 

qual poesia

pousaria?

(Paulo Leminsky)


Um outro exemplo, agora do poeta Manoel Bandeira que em "Desencanto" tem o tema "o fazer poesia".  Veja que profundeza nesses versos...



Desencanto 

Eu faço versos como quem chora 

De desalento... de desencanto... 

Fecha o meu livro, se por agora 

Não tens motivo nenhum de pranto. 

Meu verso é sangue. 

Volúpia ardente... 

Tristeza esparsa... remorso vão...

 Dói-me nas veias. 

Amargo e quente, 

Cai, gota a gota, do coração. 

E nestes versos de angústia rouca

 Assim dos lábios a vida corre, 

Deixando um acre sabor na boca. 

— Eu faço versos como quem morre. 

(Manoel Bandeira)


Agora você que você já sabe o que é um metapoema, que tal se arriscar e criar o seu?




13 de julho de 2023

O que são "haicais"?

Haicais ou Haikus são poemas de origem japonesa, que apresentam, em sua forma, três versos curtos. Eles têm como características a exatidão e a objetividade, além de uma linguagem simples e sem rimas.

O haicai surgiu no século XVII e tem como "criador" desse estilo de poema, o poeta japonês Matsuo Bashô (1644-1694), considerado um mestre haicai.

A métrica ideal do haicai é composta de: 5 sílabas no primeiro verso, 7 no segundo e 5 no terceiro, mas essa exigência não precisa ser seguida à risca, obedecida a regra de não ultrapassar 17 sílabas, e também não muito menos que isso. A contagem das sílabas termina sempre na sílaba tônica da última palavra de cada verso.


O sol de inverno

A cavalo congela

A minha sombra.

(Matsuo Bashô)


No Brasil, foi o escritor Paulo Leminski que sintetizou o haicai como um "clique de palavras", influenciado pela filosofia zen. O haicai, dizia ele, valoriza o fragmentário, o insignificante e o casual, extraindo o máximo de significado do mínimo material.

Além de Leminski,  outros escritores da nossa literatura também se aventuraram nesse estilo de poema, vamos apreciar?


Confira

Tudo que respira

Conspira.

(Paulo Leminski)


💢

Meu cachorro velho

Ouvindo com interesse

O canto do verme.

(Décio Pignatari)


💢

Cerimônia do chá

Três convidados

E um mosquito.

(Alice Ruiz)


💢

Mar não tem desenho

O vento não deixa

O tamanho

(Guimarães Rosa)


💢

Copa de árvore

Cada folha cita outra

Outono apaga.

(Wladimir Fontes)




Fontes: 

www.educamaisbrasil.com.br

www.revistalingua.com.br

Minicontos

Eles não são reconhecidos como gênero literário, mas nas últimas décadas conquistaram muitos adeptos e leitores: os minicontos!

Minicontos, microcontos ou nanocontos, são contos bem curtos. Essas mininarrativas estão associadas às tendências de vanguarda e ao minimalismo.
Os minicontos apresentam uma narração em apenas uma linha ou um parágrafo.
A partir dos anos de 1990, os minicontos foram temas de vários estudos e antologias publicadas em todo o mundo.

Podemos até achar que esses minicontos são recentes, mas renomados escritores da literatura mundial também já se aventuraram nesse tema como: Tolstói, Jorge Luis Borges, Júlio Cortázar e Ernest Hemingway.

O escritor guatemalteco Augusto Montessoro, que morreu em 2003, é considerado um dos "fundadores" desse "gênero" com o miniconto "O Dinossauro", que escreveu usando trinta e sete letras. Esse conto foi considerado o menor da literatura mundial, na época:

O Dinossauro
Quando acordou o dinossauro ainda estava lá.

🍁

A seguir, alguns exemplos de minicontos da literatura brasileira:

Fui me confessar ao mar,
O que ele disse? Nada.

(Lygia Fagundes Telles)

🐠

A velha insônia tossiu três da manhã. 

(Dalton Trevisan)

🍁

Natureza
Era de manhã, sem aflição. Ele desconfiou. Será que não estava entendendo ou um alguém que costumava lhe ditar secretamente as normas do dia ainda não tinha saído da pasmaceira noturna? Quis pegar a cortina. A mão caiu, fugiu-lhe o tecido. Tudo parecia vir de uma sintonia líquida, e não daquela solidez que o conduzia por horas, sem descanso. Não, ele não queria telefonar para ninguém, não precisava sair para comprar o que quer que fosse. Teria que aprender como continuar ali e assim. Se fingisse uma fuga? Mas temia o quê? Que esse bem-estar matutino terminasse e ele tivesse que optar por outra coisa que não pudesse nem ao menos se esboçar? Ele teria mesmo de aceitar isso que lhe vinha agora, já. E engoliu uma quase, quase marola – de ar...

(Do livro Mínimos, Múltiplos e Comuns, de João Gilberto Noll)





10 de julho de 2023

Como cuidar do seu livro

Não basta só ter uma estante bacana e muitos livros nela. Para preservar o seu acervo é preciso alguns cuidados básicos. 

Fiz uma lista de algumas dicas para ajudar você a cuidar do seu livro e preservá-lo por muito tempo.

  • Guarde os livros na vertical, pois fica mais fácil de manusear e conservar as laterais dele. 
  • Mantenha a estante sempre limpa. O ideal é limpar com um pano seco ou com uma escova de cerdas macias.
  • Mantenha os livros em locais arejados. Evite guardar em caixas, pois pode mofar.
  • Não dobre as páginas de um livro.
  • Não use clipes em livros, pois marcam e enferrujam com o tempo. Prefira sempre, marcadores de páginas.
  • Proteja os livros do sol. 


E você leitor, tem mais alguma dica de como cuidar de um livro? 

Comente aqui neste post!