3 de janeiro de 2016

FELIZ ANO NOVO!

Aos queridos leitores, um 2016 recheado de boas leituras e um olhar atento às novas tecnologias. Estima-se que as pessoas estão lendo mais em seus computadores, tablets, smartphones, mas nada irá (tenho fé!) substituir o prazer de folhear um livro. Dei-me conta disso, ao visitar a última Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, ano passado. Fiquei encantada ao ver tantos  jovens leitores e suas mais diversificadas leituras. Sobre isso, escreverei mais adiante e com depoimentos dessa garotada. Ainda há esperança...
Agora quero deixar registrado aqui meu pedido especial de ano novo: muitos eventos literários, muitas oportunidades de boas leituras aos pequenos, jovens e adultos, mais bibliotecas itinerantes e um incentivo maior por parte dos educadores à  leitura e, em especial, à literatura infantojuvenil.  
Um povo leitor não se deixa manipular. Como disse Monteiro Lobato: "um país se faz com homens e livros." Pensemos nisso e brindemos o novo ano inspirados na receita do meu querido poeta Drummond.


RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


(Carlos Drummond de Andrade)


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