18 de julho de 2016

Poesia Social

Hoje, pensei em Ferreira Gullar e, ao mesmo tempo, lembrei de um poema dele, atemporal.
Para bom entendedor, um poema inteiro basta.

Não há vagas
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço do arroz
não cabe no poema.

Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em seus arquivos.

Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras.
- porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede nem cheira.



(GULLAR, Ferreira. Toda Poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980. p. 224)



Bienal Internacional do Livro

Neste ano, acontecerá a 24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, de 26/8 a 04/09 no Pavilhão de Exposições do Anhembi.
O evento, além do encontro das principais editoras, livrarias e distribuidoras do país, contará com uma programação que mesclará literatura, gastronomia, cultura e  negócio. Diversão garantida para todas as idades!

Mais informações no site: www.bienaldolivrosp.com.br/


A primeira Bienal Internacional do Livro de São Paulo foi organizada pela Câmara Brasileira do Livro, a CBL. Isso ocorreu entre 15 e 30 de agosto de 1970, no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera. Esse projeto foi iniciado na década de 50, mais precisamente em 1951, com o intuito de introduzir no País a tradição europeia das feiras de livros encontradas na França, Alemanha e Itália. Essa experiência foi retomada em 1956 e deslocada para o Viaduto do Chá. Em 1961 foi promovida a 1ª Bienal Internacional do Livro e das Artes Gráficas, evento que se repetiu em 1963 e 1965, servindo de ensaio para a 1ª Bienal Internacional do Livro, promovida exclusivamente pela CBL, em 1970. 

Em 2002, a Bienal transferiu-se para o Centro de Exposições Imigrantes e desde 2006, a feira é realizada no Pavilhão de Exposições do Anhembi, o maior e mais tradicional local de eventos de negócios da América Latina.

No Rio de Janeiro, em 1983, há 30 anos, nos salões do Hotel Copacabana Palace, teve início a Bienal do Livro do Rio, reunindo milhares de pessoas.


Atualmente, a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro é realizada no Riocentro e se transformou no mais importante acontecimento editorial do Brasil. A cada edição, o evento supera expectativas de público, vendas e mídia.


Em 2017, a Bienal do Rio será realizada de 31/8 a 10/9, no Riocentro.


Até lá, leitores!!




7 de fevereiro de 2016

Centenário do Samba

"Carnaval é ilusão. Do pierrô sofrido.  É festa de um povo.  É consagração."
(Trecho do samba-enredo "Municipal Maravilhoso, 70 anos de glória", do Império Serrado, 1979)


Não dá para falar em Carnaval sem falar em samba, que este ano completará centenário. Foi em 16 de novembro de 1916 que Donga registrou a canção que ficou conhecida como o primeiro samba brasileiro.

"Historicamente, Pelo telefone, sucesso no carnaval de 1917, de Ernesto dos Santos (Donga) e Mauro de Almeida (Peru dos Pés Frios), "O chefe da folia / pelo telefone / manda me avisar / que com alegria / não se questione / para se brincar", é considerado o primeiro samba brasileiro gravado com esta denominação. Primeiro samba, traria à luz uma questão que acompanharia a história da música popular brasileira em suas mais diversas fases: o problema da real autoria de determinadas composições."
(Um escurinho direitinho. A vida e obra de Geraldo Pereira, de Luís Fernando Vieira, Luís Pimentel e Suetônio Valença. Ed. Relume Dumará)

 

Dicas de livros sobre o tema para leitores de todas as idades:

Almanaque do Samba, de André Diniz. Ed. Zahar
A escola do cachorro sambista, de Felipe Ferreira e Mariana Massarani. Ed. Ática
Desvendando a bateria da escola de samba. Marcio Coelho e Ana Favaretto. Ed. Formato
Feitiço da Vila: a poesia de Noel Rosa em quadrinhos. Diversos autores e ilustradores. Jupati Books
Memórias póstumas de Noel Rosa - Uma longa conversa entre Noel e São Pedro num botequim lá no céu,  de Luciana Sandroni. Ed. Companhia das Letrinhas
Rainha de Bateria, de Martinho da Vila, Ed. Lazuli
Samba no pé, de Pedro Bloch. Editora do Brasil
Uma rosa vermelha e um cravo brancode Martinho da Vila. Ed. Lazuli 
Tequinho, o menino do sambade Neusa Rodrigues e Alex Oliviera. Ed.Rovelle

 
Fontes de pesquisa:
http://educarparacrescer.abril.com.br
http://livrariadatravessa
http://livrariacultura.com.br


 Nos dias de folia, a diversão, também, está na fantasia dos livros.
 
Bom Carnaval, leitores!

6 de fevereiro de 2016

Soneto de Carnaval

Vinícius de Moraes é conhecido pela grande maioria do público por seus clássicos da MPB, mas antes de ser compositor, já era consagrado como um poeta de alta qualidade literária.

A seguir, um destaque para a poesia lírica tão presente em seus primeiros livros:


Soneto de carnaval                               

Distante o meu amor, se me afigura
O amor como um patético tormento
Pensar nele é morrer de desventura
Não pensar é matar meu pensamento.

Seu mais doce desejo se amargura
Todo o instante perdido é um sofrimento
Cada beijo lembrado uma tortura
Um ciúme do próprio ciumento.

E vivemos partindo, ela de mim
E eu dela, enquanto breves vão-se os anos
Para a grande partida que há no fim

De toda a vida e todo o amor humanos:
Mas tranquila ela sabe, e eu sei tranquilo
Que se um fica o outro parte a redimi-lo.

Oxford, carnaval de 1939

Antologia poética/Vinícius de Moraes. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.